Síndrome da Boca Ardente
Sintomas, causas e opções de tratamento
O que é a Síndrome da Boca Ardente?
A Síndrome da Boca Ardente (BMS, do inglês Burning Mouth Syndrome) é uma condição caracterizada por uma sensação persistente de ardor ou dor na boca, sem que existam lesões visíveis. Afeta sobretudo mulheres a partir da menopausa, mas pode surgir em qualquer idade.
É considerada uma condição neuropática, ou seja, está ligada a alterações na forma como os nervos transmitem a sensação de dor. Embora não ponha a vida em risco, pode afetar seriamente a qualidade de vida.
Principais sintomas
Ardor na língua, lábios, palato ou em toda a boca
Sensação de secura (mesmo quando a saliva está normal)
Alterações no paladar (gosto metálico ou amargo)
Formigueiro ou dormência
Desconforto que tende a piorar ao longo do dia, mas melhora durante o sono
Segundo a International Classification of Headache Disorders (ICHD-3), o diagnóstico requer sintomas diários durante pelo menos 3 meses e com duração de 2 ou mais horas por dia.
Possíveis causas
Em muitos casos, a BMS é primária (sem causa identificável clara). Noutros, é secundária, podendo estar associada a:
Deficiências nutricionais (ferro, vitamina B12, ácido fólico, zinco)
Diabetes ou alterações da tiroide
Candidíase oral
Xerostomia (boca seca por diminuição da saliva ou fármacos)
Refluxo gastroesofágico
Alterações hormonais (particularmente na menopausa)
Stress, ansiedade ou depressão
Como é feito o diagnóstico?
Não existe um exame específico para a Síndrome da Boca Ardente. O diagnóstico é feito por exclusão, após uma avaliação clínica detalhada e exames laboratoriais para despistar outras causas.
Por isso, é importante consultar um especialista em Medicina Oral ou Dor Orofacial para uma avaliação completa.
Opções de tratamento
O tratamento deve ser individualizado e depende de existir ou não uma causa identificável.
Quando há causa secundária
Trata-se diretamente o problema de base (ex.: corrigir défices vitamínicos, tratar candidíase, ajustar medicação).
Quando é BMS primária
As opções incluem:
Clonazepam (em comprimidos de baixa dose ou solução tópica, aplicado na boca) - um dos tratamentos com maior evidência científica.
Fotobiomodulação (laser de baixa intensidade) - pode reduzir a dor em muitos pacientes.
Capsaicina tópica - aplicada sob controlo médico, pode dessensibilizar os nervos envolvidos.
Ácido α-lipóico (ALA) - antioxidante com resultados variáveis.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) - importante para reduzir o impacto da dor crónica.
Medicação neuromoduladora (como antidepressivos ou anticonvulsivantes) - em casos refratários e sempre sob indicação médica.
Viver com a Síndrome da Boca Ardente
Embora não exista uma cura definitiva, muitos pacientes conseguem controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida com acompanhamento especializado e plano terapêutico adequado.
Estudos recentes confirmam que a abordagem multimodal (combinar terapias farmacológicas, psicológicas e locais) é a que oferece melhores resultados.
Quando procurar ajuda?
Se sente ardor persistente na boca, não ignore os sintomas. Quanto mais cedo fizer a avaliação do problema, maior a probabilidade de identificar e tratar uma causa subjacente ou iniciar terapias de alívio eficazes.
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Referências científicas
International Classification of Headache Disorders (ICHD-3).
Tan HL, et al. Systematic review of treatments for burning mouth syndrome.
Kouri M, et al. Small Fiber Neuropathy in BMS: A systematic review.
Recent network meta-analyses (2022–2024) sobre eficácia de clonazepam, laser e terapias combinadas.